terça-feira, 29 de outubro de 2013

Regras para transar e realizar tratamentos no Brasil

“- Juiz de Fora, 27 de outubro de 2013. Juiz de Fora, 27 de outubro de 2013. Juiz de Fora, 27 de outubro de 2013...” Repeti isso, no mínimo, umas doze vezes enquanto escrevia este post. Como é difícil acreditar que estamos no fim do ano de 2013 e ainda nos deparamos com pensamentos e preconceitos do início do século passado. Acho que, na verdade, a intolerância que vejo vem desde a época da Idade Média. Talvez, Deus realmente tenha tirado férias nessa época e deixou a parada rolar para ver no que dava.
 Uma das coisas que tem dado muita repercussão, apesar de não estar sendo tão noticiada na mídia como antes, é o projeto do nosso ilustríssimo Sr deputado Marcos Feliciano (esse ainda não sabe o que um parlamentar faz, diferentemente do Tiririca, que parece ter aprendido) denominado “Cura Gay”. Tentei pesquisar para saber do que se tratava a proposta, mas o que encontrei foram informações desencontradas e controversas, o que dificultou e muito a minha pesquisa. Mas, pelo pouco que estudei, o espanto ao saber (ou por confirmar o que eu recusava a acreditar) que ainda exista alguém que tenha pensamentos tão arcaicos quanto os que eu li me causou pena. Pior é imaginar que ele representa a ideologia de vários eleitores, que, provavelmente, apertam o botão verde da urna eletrônica acreditando ser a válvula de descarga de um vaso sanitário.


Como é que alguém tem a coragem de apresentar projetos daqueles para 200 milhões de brasileiros? Permita-me fazer um básico sensacionalismo: 200 000 000 de b r a s i l e i r o s! Só o título de um deles já é algo inacreditável: “cura”! Não apenas o projeto da Cura Gay causa espanto, pior é ler as outras propostas, de temas diversos, de outros parlamentares, INDEPENDENTE do partido. A solução seria toda a população brasileira converter-se para uma determinada religião ou partido x ou y? Pelo que eu li, sim. Como queremos um tratamento igualitário perante a lei, se quem a elabora acredita existir pessoas melhores que outras, culturas superiores e ideologias “salvadoras”?
Em seguida, recordo-me do projeto de trazer médicos de outras nacionalidades para trabalhar em nosso país. Na verdade, ele já esta acontecendo. A ideia de que a solução cairá de paraquedas também parece perdurar em pleno ano de 2013! Os médicos estrangeiros fazem um curso de qualidade qualquer, fazem umas aulas em terras Tupiniquins e uma prova estilo teste da revista Capricho para vir trabalhar atendendo nosso maior bem: a população brasileira. Seriam os médicos brasileiros vilões ou mocinhos por recusar a vinda daqueles profissionais para cá?
Hospital sem material básico para o atendimento de pacientes, postos de saúde sem água, falta de segurança no trabalho fora a falta de informação da população acerca da funcionalidade de cada instituto. Pacientes superlotam as UPA’s quando poderiam ser atendidas em postos de saúdes, vão a hospitais de emergência quando as UPA’s estão preparadas para atender aquele tipo de caso, tratam mal os funcionários que trabalham em stress absoluto... 
O sistema é ruim, não há o que discutir. Mas a população não respeita o próximo quando vai à procura de atendimento somente para conseguir um atestado. Fazendo isso, além de lotarem desnecessariamente as clínicas, estão retardando os atendimentos de pessoas que realmente necessitam serem atendidas.

O mundo melhorará quando você começar a tratar a pessoa do seu lado como ser humano.  Soluções não caíram de paraquedas, políticos não mudarão se antes você não mudar. Devemos aproveitar mais da sorte que temos de vivermos em um país onde somos livres para expressarmos o que pensamos. Não foi isso que fizemos em junho? E o que aprendemos com aquelas manifestações? Acho que o gigante não acordou, já que é melhor que ele esteja alienado ou “bestializado”, como já foi denominado em outro contexto histórico. Afinal de contas, ele se encontra em coma induzido por quem tem interesses pessoais a defender. 

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